quarta-feira, 7 de junho de 2017

O Zine mais poderoso do interior Sergipano " *** " ( CALE-SE)

Aqui o mais poderoso Zine, criado na cidade de Tobias Barreto-SE, portal para a Bahia terra dos tecidos, de uma cena underground muito atuante com muitos artistas autorais a terra faz jus ao seu patrono, Tobias Barreto e arte pura.




                                   Lucas / Flávio

CALE-SE

A criação

:Com as palavras os autores do ZINE *

_ Lembro de nossa primeira reunião para tentarmos fundar um jornal cultural, reunião essa que aconteceu no ateliê de Neris Mangaba, ou simplesmente Nerinho. Éramos entre cinco ou nove pessoas. Foram várias ideias, opiniões e caminhos para os quais poderíamos seguir. No momento todos me pareceram entusiasmados, mas sempre com aquela de que poderiam haver situações de indisponibilidade por questões de tempo por causa de trabalho, família e outras questões pessoais que não poderiam ser abdicadas por conta do projeto do jornal. Nerinho sugeriu o título. A justificativa me pareceu bastante engraçada, mas foi o nome mais interessante naquele momento. Passada essa reunião, rápidas e evasivas conversas sobre o assunto com cada um que encontrava na rua ou em qualquer lugar, parecia que o entusiasmo tinha ido por água abaixo. Passou-se um ano. Eu e Antonini encontramos um dos que fizeram parte da reunião. Um mês de conversas e expectativas e no final tudo veio por água abaixo de novo. Empurramos mais um ano com a barriga, até que Flávio chega e diz que a gente tem que fazer, e teria que ser naquele momento. Juntamos nossos textos. Mas não tínhamos uma linha editorial (tipo de fonte, design e a definição de como seria a marca). Pensamos em outros nomes, mas o de Nerinho caiu como uma luva, apesar de ser uma piada interna nossa, é que mais reflete o nosso momento e uma espécie de ironia, já que é um zine-revista coletivo para dar voz para as pessoas. Flávio sugeriu para a linha editorial ser de qualquer jeito porque ia ser uma coisa underground. Pedi para ficar com essa parte dizendo que não podia ser qualquer coisa. Mesmo sem saber direito como se fazia desenvolvi tudo, exceto a será que Flávio trouxe junto com os textos dele que seriam inseridos nessa primeira edição. Depois de muito mexer consegui por as coisas no lugar e definir de um jeito que coubesse num folha A4 na horizontal. Por fora pareceu tudo muito cru e tosco, só que por dentro a letra escolhida pareceu agradável, apesar das poucas fotos. Depois de umas colagens feitas por Antonini não precisamos refazer tudo de novo para que os textos ficassem onde deveriam e as continuações de cada texto seguissem normalmente. Nada definido na capa, só uma figura de um desenho de Antonini que não tinha nada haver com nenhuma matéria. A data definida para o lançamento foi o dia do Rock Sertão, para que distribuíssemos na caravana de Tobias que ia sair. Em pouco menos de duas semanas fizemos tudo. Só esquecemos de uma coisa: a revisão. Outro detalhe nos passou batido: o custo. Se não me engano, o dinheiro que levamos, um pouco mais  de trinta reais, não deu pra fazer a quantidade que queríamos: 50, só conseguimos um pouco mais de 30 ou menos. Hoje fazemos de 120 a 150 cópias. Graças a contribuição de todos os que acreditaram na gente e o trabalho desenvolvido no bar. Durante esse um ano foram várias colaborações, financeiras e artísticas, que ajudam para que em um ano a gente alcançasse o objetivo de difundir a cultura local e registrar histórias e o pensamento vivo dos que fazem e fizeram a história artística de Tobias Barreto e Sergipe. Nesse período de um ano o sarau tobiense conquistou espaço e de um evento para outro perdeu a força, mas o Cale-se continua de pé. Este dependendo só de nós, ainda tem força para seguir. Além de contar com a força do pessoal de Lagarto, que nas pessoas de Afonso Augusto e Rafael Martins sempre demonstraram acreditar no Cale-se. Assim, gente existe porque ainda há artistas e pessoas que gostam de arte.


Está a última edição lançada no dia 03/06/2017

Traz edição especial com a banda LACERTAE e o Artista Gildecio Costaeira







 



 








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Edições anteriores




Conceito

Mesmo sendo um admirador do Jornal Pasquim e da revista underground Chiclete com Banana, a gente não conseguiu ter um resultado final que tenha o humor ácido de um e nem o humor mega intelectual do outro. O nosso direcionamento acaba seguindo as coisas que estão ao nosso redor e ao nosso alcance. Como os textos que chegam até nós, temas sugeridos e o que vem acontecendo culturalmente, tanto aqui como em outras cidades.

Edições

Cada edição foi surgindo e ainda surgem, algumas de acasos, outras de uma data comemorativa e outras mais espontaneamente. Ao poucos as coisas foram se caracterizando. Cada mês o que nos parecia forte continuou e o que não se demonstrou relevante aos poucos foi saindo. Algumas seções como o Memória Musical e Fala Mangaba para evitar o desgaste. Mas o bacana é que há lado coletivo apesar do monopólio que há naturalmente entre mim e Flávio, pois temos que preencher os espaços vazios, mas assim mesmo, o Cale-se é um pouco de todo mundo. Sem os textos recebidos e colaboração financeira coletiva, nós teríamos durado um ano.

Cale-se e sarau

O sarau era um momento que aproveitávamos pra fazer a distribuição. O sarau também era um agente ativo no financiamento do Cale-se, já que a parte do bar que cabia para mim, Flávio e Andressa iam direto pro cash do Cale-se. Como um amigo me disse: era o encontro da teoria com a prática, mesmo se não houver sarau o Cale-se depende só de nós, os que fazem e os que colaboram.



 

Financiamento coletivo

Um dos grandes trunfos para existir um ano e sendo distribuído mês a mês gratuitamente, foi devido a ajuda de toda essa galera que tem seu nome estampado em cada Cale-se. Muitos acreditaram e acreditam no projeto muito mais do que nós. Esse galera ajudou para que a ideia fosse espalhada e chegássemos a outras cidades e assim,  atingimos além de nossas ambições, já que não imaginávamos que iriamos agradar tanta gente. Toda atenção e carinho recebido fez com que ressurgíssemos a cada mês quase do nada, ajudando a dar uma cara nova para o que é essencialmente cultural, umas vezes com mais humor e outras menos, mas sempre com bastante sentimento.

Entrevistas

As entrevistas são das coisas que compõe o Cale-se o que mais me orgulho. Até agora não dá pra se dizer que nenhuma foi banal ou só perca de tempo, já a dupla experiência de colher com a de editar são, de certo modo, experiências distintas, já que na fase de colheita é preciso extrair o máximo, e na fase de edição fazer caber no número de páginas determinado sem perder as partes mais importantes. Uns mais próximos outros distantes, mas sempre será um orgulho registrar a história de cada um junto com sua verdade pessoal.

Perfil

Durante todo esse período os selecionados para o perfil foram artistas plásticos, quem sabe nas próximas escolheremos literatos e músicos. Essa escolha se deve ao fato de sempre deixarmos a página do lado para a exposição do leitor, assim, mesmo sendo em preto e branco, seria uma forma de divulgação ou apreciação da obra do artista em destaque. Foram vários e cada edição fomos aperfeiçoando a seção – como todas outras. Nesse ano que começa esperamos aperfeiçoar mais.

Poemas

Lagarto é a cidade dos poetas, talvez a cidade com mais grandes poetas de Sergipe. Foram eles que dominaram essa seção e foram dando mais vida. Sem o pessoal de Lagarto esta seção não teria sido tão diversificada quanto foi ao longo de ano. Lagarto também é nosso maior divulgador, já que o Sarau da Caixa D’água é um grande distribuidor nosso, além de ter os maiores eventos independentes consolidados de Sergipe: Sarau e o Som na Praça.





Final

O mais difícil ao se fazer uma publicação independente é achar que te leve a sério de verdade. Nosso caso só uma pessoa fez questão de menoscabar-nos. Mas isso foi antes da primeira versão impressa estar pronta. Depois de impressa a primeira edição do Cale-se, por mais tosca que possa parecer devido a simplicidade de ser uma simples xerox, todo mundo que viu comprou a ideia e colaborou na medida que pôde. Mais ainda ouvi: “em tempos de cultura digital ainda procura fazer coisas em papel”, isso de um dito grande representante cultural da música de Tobias. O resultado final desse um ano de trabalho que não gera renda, pra mim, é: sinto muito orgulho de fazer parte do Cale-se.



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