terça-feira, 13 de junho de 2017

Arthur Bispo do Rosário * O maior Artista de Todos *

Arthur Bispo do Rosário (JaparatubaSergipe14 de maio de 1909[1] ou, segundo outras fontes, 16 de março de 1911[Nota 1] – Rio de JaneiroRio de Janeiro5 de julho de 1989[1]) foi um artista plástico brasileiro.
Considerado louco por alguns e gênio por outros, a sua figura insere-se no debate sobre o pensamento eugênico, o preconceito e os limites entre a insanidade e a arte no Brasil. A sua história liga-se também à da Colônia Juliano Moreira, instituição criada no Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX, destinada a abrigar aqueles classificados como anormais ou indesejáveis (doentes psiquiátricos, alcoólatras e desviantes das mais diversas espécies).



 
 


 

 
 

 



O que é arte? O que faz de um objeto uma obra de arte? O artista? O objeto? O museu ou a galeria? O espectador? O significado?
Tais elementos – objeto, artista, museu, espectador, significado – acabam constituindo um contexto que segue quase a mesma lógica de um mercado: o mercado de arte. Entre praticamente todos os críticos e teóricos de arte, é consenso que esse mesmo mercado e essa mesma lógica foram questionados a partir das obras de Marcelo Duchamp – principalmente com seus ready-mades. Tal questionamento duchampiano insere no ramo das artes plásticas uma série de produções consideradas artísticas ou não desde as pinturas rupestres das Cavernas de Lascaux até as produções artísticas de Bispo do Rosário, elevadas ou não ao status de cânone. Pois, tal como afrima Richard Shusterman: “a teoria da arte afigura-se irrealizável e, ao mesmo tempo, inevitável”.²



Análise

O passado de Arthur Bispo do Rosário é praticamente desconhecido. Sabe-se apenas que era negro, marinheiro, pugilista, lavador de ônibus e guarda-costas. Nas vésperas do Natal de 1938 é internado no Hospital Nacional dos Alienados, na Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, após um delírio místico. Com diagnóstico de paranóico-esquizofrênico, é transferido no ano seguinte para a Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá. Entre muitas permanências e saídas, vive mais de 40 anos na instituição, onde executa a maior parte de sua obra.
Os trabalhos de Bispo diversificam-se entre justaposições de objetos e bordados. Nos primeiros, utiliza geralmente utensílios do cotidiano da Colônia, como canecas de alumínio, botões, colheres, madeira de caixas de fruta, garrafas de plástico, calçados; e materiais comprados por ele ou pessoas amigas. Para os bordados usa os tecidos disponíveis, como lençóis ou roupas, e consegue os fios desfiando o uniforme azul de interno. Prepara, com seus trabalhos, uma espécie de inventário do mundo para o dia do Juízo Final. Nesse dia se apresentaria a Deus, com um manto especial, como representante dos homens e das coisas existentes. O manto bordado traz o nome das pessoas conhecidas, para não se esquecer de interceder junto a Deus por elas. Bispo faz também estandartes, fardões, faixas de miss, fichários, entre outros, nos quais borda desenhos, nomes de pessoas e lugares, frases com respeito a notícias de jornal ou episódios bíblicos, reunindo-os em uma espécie de cartografia. A criação das peças, para ele, é uma tarefa imposta por vozes que dizia ouvir.
No início da década de 1980, com as questões levantadas pela arte contemporânea com a antipsiquiatria e as novas teorias sobre a loucura, os trabalhos de Bispo começam a ser valorizados e integrados ao circuito de arte. Em 1980, uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, sobre a situação da Colônia Juliano Moreira, mostra suas obras, agrupadas no quartinho em que vive. No mesmo ano, o psicanalista e fotógrafo Hugo Denizart (1946) realiza o filme O Prisioneiro da Passagem - Arthur Bispo do Rosário. Com a divulgação, veio o reconhecimento artístico das obras, que contribui para sua participação, em 1982, na mostra À Margem da Vida, no MAM/RJ, com trabalhos de presidiários, menores infratores, idosos e internos da Colônia. Posteriormente é realizada sua primeira exposição individual, também no MAM/RJ. O crítico de arte Frederico Morais escreve sobre seu trabalho, ligando-o à arte de vanguarda, à arte pop, ao novo realismo e especialmente à obra de Marcel Duchamp (1887-1968).
Em 1995, com uma vasta seleção de peças, Bispo representa o Brasil na Bienal de Veneza e obtém reconhecimento internacional. Sua obra torna-se uma das referências para as gerações de artistas brasileiros dos anos 1980 e 1990


Foi realizada uma análise de algumas obras de Arthur Bispo do Rosário através de uma revisão de literatura sobre sua vida, obra e transtorno mental. O artista sergipano viveu a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro, internado em uma instituição psiquiátrica com o diagnóstico de Esquizofrenia Paranóide. O presente trabalho verificou que a vida e a obra de Arthur Bispo do Rosário se tornaram tão próximas que muitas vezes não podiam distinguir-se. Sua arte expressa uma tentativa de reoganização psiquíca, como se observa em suas mandalas e nos trabalhos circulares, produções comuns em pacientes esquizofrênicos. Suas obras trazem também elementos da cidade natal como o bordado e a religiosidade. Nas suas produções, recriou o mundo conforme os seus delírios e trouxe sentido para a sua vida. Hoje, a vida e obra desse artista inspiram filmes, livros e o meio acadêmico ao redor do mundo.


 

 


 


 


 


 


 





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