segunda-feira, 11 de maio de 1998

Festivais sustentam independentes do NE

Festivais sustentam independentes do NE
11/05/98
Autor: GUSTAVO ABREU
Origem do texto: Da Agência Folha, em Natal
Editoria: ILUSTRADA Página: 5-7 5/5339
Edição: Nacional May 11, 1998
Legenda Foto: O vocalista e guitarrista Gustavo Lamartine, da banda General Juice
Crédito Foto: Marcelo Andrade/"Tribuna do Norte"
Observações: COM SUB-RETRANCA
Vinheta/Chapéu: PELO BRASIL
Assuntos Principais: NORDESTE /REGIÃO; FESTIVAL DE MÚSICA

Festivais sustentam independentes do NE

GUSTAVO ABREU
da Agência Folha

A música independente nordestina já tem no eixo Salvador-Recife-Natal, sustentado por três festivais de médio porte, sua principal vitrine. Pelos palcos do BoomBahia, Abril Pro Rock e Mada já passaram, neste ano, 64 bandas, locais e de outros Estados, atraindo público de mais de 30 mil pessoas.
Os festivais são independentes de grandes gravadoras e, em geral, se alguma delas quer inserir um artista no programa, deve arcar com todas as despesas.
A indelicadeza parece contraditória, mas o fato é que bons vendedores de discos, como Skank e O Rappa, comparecem aos eventos, o que acaba ajudando na divulgação dos desconhecidos e promovendo a integração.
A nova geração carrega no sotaque, dilui elementos estrangeiros e vive de diversidade. Mesmo sem gravadoras bancando, o eixo musical nordestino conseguiu se integrar e chegar até a curva dos litorais, no Rio Grande do Norte.
A cena não é fácil. Na Bahia, a briga é para fugir da ditadura do axé music. Em Recife, o problema é superar a perda do mentor Chico Science e afirmar de vez a nova produção local. Em Natal, o trabalho está apenas começando e já tem que vencer a parede de fórmulas pop desgastadas que parece estar por todos os lados.
Além disso, é preciso atrair a atenção da mídia de Rio-São Paulo para que a cena exista de fato.
Alguns nomes dessa safra já são familiares em todo o país: Jorge Cabeleira (PE), Catapulta (BA) e Alphorria (RN). Outros nem tanto: Kaya na Real (PE), Arsene Lupin (BA) e General Junkie (RN).
E de Sergipe, você conhece alguma banda? Pois há, pelo menos, o som "guitar" do Snooze (quer dizer cochilar, vadiar), que fez bonito no BoomBahia deste ano, e o rock moderno do Lacertae, com formação de apenas um baterista-berimbalista e um guitarrista, da cidade de Lagarto (SE).
Discos começam a aparecer com mais frequência ao longo do eixo. O DMP e os Fulanos, de Recife, aproveitaram a chance de gravar um CD bancado pelo governo de Pernambuco e fizeram um trabalho de alta qualidade, co-produzido por Apollo 9, intitulado "Músicaprapularbrasileira".
Também de Recife, o brilhante Eddie, do vocalista Fábio Trummer, foi até os EUA gravar seu CD de estréia depois de tocar em algumas edições do Abril Pro Rock e fazer fama com shows e fitas demo distribuídas pelo país.
Cleudo e Bambelôcos, de Natal, firmaram suas pesquisas pop com o ritmo coco no CD "Zambê Crossover".
A nova música nordestina se organiza e demonstra seu vigor, afirmando sua inclinação de ir além das referências de sol, mar e barquinhos.

Selo divide custos e lucros
11/05/98
Autor: GUSTAVO ABREU
Origem do texto: Da Agência Folha, em Natal
Editoria: ILUSTRADA Página: 5-7 5/5338
Edição: Nacional May 11, 1998
Observações: SUB-RETRANCA
Assuntos Principais: NORDESTE /REGIÃO; MÚSICA; SELO INDEPENDENTE

Selo divide custos e lucros

da Agência Folha

Música que não for em um dos variados ritmos carnavalescos ou soar um pouco fora do gosto da massa dificilmente terá divulgação na mídia de Natal (RN). O que sobra é, além de participar do festival Mada, apelar a um selo alternativo, independente "até o osso".
O selo Solaris grava fitas com razoável qualidade de áudio e encarte colorido para bandas desconhecidas da região.
O catálogo do selo tem 18 bandas em 11 títulos, entre coletâneas e "demos", que são vendidos a R$ 5 a fita em lojas de Natal ou pelo correio (r. Engenheiro José Rocha, 3.401, Natal, RN, CEP 59065-260, tel. 084/234-2850).
Cada fita tem tiragem média de cem unidades, "mas já houve casos em que outra edição teve que ser tirada para atender à demanda", diz Alexandre Alves, 23, o homem à frente do selo. O selo também vai se modernizar e, no próximo semestre, deve começar a registrar as bandas em CD.
Acompanhando as fitas, a estratégia do Solaris também inclui um fanzine, o "Automatic", voltado à nova música potiguar.

Potiguares
A exemplo do que foi feito com as bandas de Recife, os destaques da música de Natal poderão ser vistos aqui em São Paulo, no Sesc Pompéia, no início de junho:
General Junkie. Som "guitar" com forte influência dos Pixies, só que em bom português. É basicamente um "power trio", mas conta com percussão simples, que também faz "backing vocals".
Brebôte. Banda tradicional de coco, xaxado e maracatu. Bem teatral.
Embola Funk. Espontânea, arejada, mistura funk, embolada e forró com rock. Sonoridade bem "à vontade".
Cleudo e Bambelôcos. Pesquisa ritmos tradicionais como o coco, e o resultado é MPB.
Alphorria. Bloco de reggae para Carnaval.
Ravengar. Pesado e firme. Na linha dos Squaws (RJ) e Devotos do Ódio (PE). Destaque para o baterista Rogério, garoto de 17 anos destruindo nos dois bumbos. (GA)


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