quinta-feira, 23 de março de 2006

Indie 25 Lista complicada, o critério definido para determinar o que é ou o que não é rock independente


OesquemaQuinta-feira, 23 de março, 2006

Indie 25

Lista complicada, o critério definido para determinar o que é ou o que não é rock independente é curto e grosso: se tem dinheiro de empresa grande, não é indie. Assim, os altos e baixos do rock nacional no mercado de discos dão a tônica da produção independente nos últimos vinte anos. Até o começo dos anos 80, ser independente era uma atitude, um manifesto - como foram os discos da fase Racional de Tim Maia e a idéia original do selo de Luís Carlos Calanca, a Baratos Afins. Mas a explosão do rock na década de 80 praticamente extinguiu a produção indie, tamanha era a demanda das grandes gravadoras - e grupos independentes por definição musical tiveram seus discos lançados por majors. A estréia de Lobão, Cena de Cinema, de 1982, por exemplo é uma demo gravada em vinil. Nos anos 90, a chegada da MTV e o sucesso do Sepultura no exterior impulsionam o faça-você-mesmo e o rock independente vive o nascimento de um mercado que começaria a se organizar nos anos seguintes. O sucesso do plano Real, em 94, determina o futuro deste mercado: se por um lado abre a possibilidade de se adquirir tecnologia graças à paridade com o dólar, por outro exclui o elitismo musical do mercado de discos, voltado apenas para classes populares. Isto aumenta a produção caseira e equipa uma primeira geração de computadores que, graças à internet, passa a se comunicar com mais agilidade e para um público específico. Chegamos ao século 21 com uma produção madura e plural, disposta a conquistar o Brasil e o planeta.

Os 25 discos abaixo são as pedras fundamentais na formação de um mercado independente, tanto do ponto de vista comercial como artístico. Cada um deles marca uma etapa concluída, um novo patamar e uma novidade no complexo jogo do rock brasileiro indie, cada vez menos abaixo e mais ao lado do pop endossado por patrões abonados, mesmo aqueles lançados sob uma chancela “indie” (como o selo Plug da BMG, o Banguela da Warner, a Tinitus que era distribuída pela PolyGram ou o Chaos da Sony). Para facilitar a compreensão e não confundir a história, o foco fica apenas no formato rock, excluindo outros agentes cruciais para a formação do mercado independente (como hip hop, heavy metal, eletrônico e hardcore). Se não, era assunto para páginas e mais páginas…


1) Singin’ Alone - Arnaldo Baptista (1982)
Marco zero da produção independente como nós conhecemos, é o primeiro lançamento da Baratos Afins e o alerta “o sonho acabou” para a geração que cresceu à sombra dos Mutantes. Um novo rock estava começando a tomar conta do Brasil (à base do chopp e batata frita) e Arnaldo Baptista chorava as próprias mágoas ao piano, atormentado emocionalmente, com baladas cruas e muito rock’n'roll. Bem distante do sol carioca que começava a bronzear o rádio.


2) 3 Lugares Diferentes - Fellini (1987)
MPB maldita, cool wave, pós-punk, bossa nova, África, cult band, art rock… Conceitos que fervilhavam no underground oitentista se encontraram numa mesma banda. Formada pelos jornalistas Cadão Volpato e Thomas Pappon, o Fellini contava com a participação de Ricardo Salvagni para gravar seu álbum menos enigmático e mais, er, pop. Entre o rock europeu e a melancolia brasileira, eles sintetizavam sentimentos que anos depois seriam traduzidos em um único adjetivo: indie.


3) O Ápice - Vzyadoq Moe (1988)
Na Sorocaba pré-Wry, o clima europeu era mais alemão do que inglês. Culpa do noise dada do Vzyadoq Moe, performáticos orgânicos que partiam pra cima do público. Menores de idade e fartos de punk rock, abraçavam o drone, o cabecismo, o ritmo kraut e o industrial desplugado, especialmente na percussão ferro-velho. O Ápice vale seu título por optar pela independência, enquanto irmãos de sonoridade do grupo (o mineiro Sexo Explícito, os cariocas Black Future e Picassos Falsos) fecharam com a certeza do contrato com grandes patrões.


4) Cascavelettes (1988)
Antes de serem banalizados por um hit na novela Top Model, pelos mimos do superstarismo e muito antes do forróck boca-suja dos Raimundos, os Cascavelettes inauguraram a fase moderna do pop gaúcho, separando os contemporâneos do Liverpool e a geração Rock Grande do Sul como farinha do mesmo saco. Usando o palavrão com motivos rock’n'roll (o rock brasileiro só os usava com motivos punk, ressaca da Censura), o grupo era um misto de Ramones pornográficos com New York Dolls machistas e seu primeiro disco (lançado um ano antes do sucesso de “Nega Bom-Bom”) mostra a disposição para injetar algo mais do que energia no indie nacional. As demos da época, todas batizadas com o nome da banda, mantém o “nível”.


5) You - Second Come (1991)
Este é o único disco do selo Rockit!, do guitarrista da Legião Dado Villa-Lobos, que pode ser considerado independente - já que o sucesso underground que fez esgotar a tiragem inicial de 3 mil discos fez crescer o olho da inglesa EMI-Odeon, que abduziu a marca. A estréia do Second Come, influenciada diretamente pelo sussurrado rock inglês pós-Madchester e pelas convulsões noise pré-grunge do underground americano, abre a segunda fase do indie brasileiro que, devido à onipresença do instrumento, começa a ser definido, anglofonamente, de “guitar” (as duas pronúncias são permitidas).


6) Little Quail and the Mad Birds (1992)
Depois de tentar seguir os passos da geração Legião-Plebe-Capital (em vão, culminando na geração do seminal Rock na Rampa, em 1987), o rock de Brasília volta-se para dentro e a capital do Brasil começa a ebulir culturalmente. Disputando cabeça-a-cabeça o título de melhor banda com o Low Dream e o de melhor demo com o Oz (a excelente Trés Bien Mon Ami), o Little Quail ganha por não soar derivativo de ninguém (nem de My Bloody Valentine, nem de Pixies). A fita é uma ótima desculpa para caçar os registros sonoros do rock candango do começo da década, que vão da fase rock do Pravda aos primórdios dos Raimundos, passando pelas excelentes, e esquecidas, Succulent Fly e Sunburst.


7) Killing Chainsaw (1992)
São os piracicabanos do KC que colocam o rock do interior de São Paulo no mapa da década de 90. O LP homônimo, lançado pela loja de discos Zoyd e sampleando o anime Akira na capa, é o ponto inicial de uma geração que deu ao Brasil instituições célebres do underground, como a casa noturna Hitchcock (em Santa Bárbara d’Oeste), o zine Broken Strings, o festival Juntatribo, a rádio Muda e o estúdio Arenna (todos estes em Campinas), além de bandas que iam do punk pop do No Class ao samba-noise do Linguachula e o industrial nerd dos Concreteness. Além de iniciar a fase caipira do indie nacional, o Killing ainda se orgulhava de seu inglês brasileiro, com sotaque “tchu” em vez de “to” e sem brit-frescuras. O rock aqui é ligado na tomada e na distorção, de pai Sonic Youth e mãe J&MC.


8) Rotomusic de Liquidificapum - Pato Fu (1993)
O disco mais esquisito da gravadora mineira Cogumelo (que já contava com esquisitices como o disco sub-Red Hot do DeFalla ou o caos sônico do Holocausto) também é o disco de estréia do Kid Abelha dos anos 90. Estranho, não? Que nada. Estranho é ouvir a versão speed para “Sítio do Picapau Amarelo” ou um hino mosh baptchura cuja citação da Unimed levou o grupo a tocar no comercial do plano de saúde. E que tal o medley esquizofônico que batiza o disco, que cita, sem pudor, os Flintstones, Kiss, baião, funk metal e beats eletrônicos? Muito mais John do que Fernanda Takai, é o disco do trio mineiro que os fãs de Mike Patton mais gostam. Com razão.


9) Scrabby? - Pin Ups (1993)
Lançado pela Devil e produzido por João Gordo, o terceiro (ou segundo, se não contarmos o LP do projeto Gash) disco dos pais do indie 90 é também seu disco mais sombrio e pesado. Fora as referências inglesas, entra o lado mais caótico e, hm, “visceral” da banda. Gravado com sua formação clássica, é uma mistura de Funhouse (dos Stooges) com Berlin (do Bowie). É o ápice das guitarras de Zé Antônio. “Acho que esse foi o disco que mais teve briga no estúdio”, lembraria o vocalista Luís Gustavo anos depois”, eu nunca vi tanta gente chorando, berrando, a Alê chorando num canto, o Marquinhos no outro”.


10) Mod - Relespública (1993)
Curitiba tem a péssima reputação de não produzir registros sonoros à altura das apresentações ao vivo de suas bandas. Discos e fitas funcionam mais como “guias” sobre o que esperar de determinado grupo do que reproduções in vitro de suas performances instantâneas. Da mesma forma, a cidade não possui rock de laboratório, aquele feito para viver em estúdio. Talvez isto explique o paradoxo fundamental da capital do Paraná: quanto mais bandas a cidade produz, menos elas se destacam em nível nacional. O primeiro compacto da Relespública (ainda com o enfant terrible Daniel Fagundes, vocalista, morto aos 16 anos) pertence à primeira safra do indie rock da cidade, custeado pela gravadora Bloody que pertencia ao mesmo JR que é dono do lendário club 92 Degrees. Com três faixas (”Capaz de Tudo”, “Preciso Pensar” e “Quem é Que Entende o Mundo?”), o vinil fala mais do rock de Curitiba do que todas compilações lançadas em seu nome.


11) Nunca Mais Vai Passar o Que Eu Quero Ver - Doiseu Mimdoisema (1994)
A influência que a Graforréia Xilarmônica, uma das dissidências dos Cascavelettes, teve sobre o rock gaúcho é muito maior que o séquito de fãs que o grupo preserva até hoje. Graças ao improvável gosto musical de seus líderes, Frank Jorge e Marcelo Birck, despertou-se no pop riograndense o prazer em redescobrir a Jovem Guarda, encravada na memória genética do estado. Esta redescoberta trombou irresistivelmente com os prazeres de uma recém-descoberta paixão gaúcha, o experimentalismo no estúdio em tempos de gravação caseira. Diego Medina fez a fita para um amigo de farra, mas a contagiante “Epilético” pulou do som da sala de estar para as ondas do rádio e virou hit local instantâneo. Medina continuaria suas experiências pop no futuro (Grupo Musical Jerusalém, Video Hits, Senador Medinha), mas sem conseguir reencontrar a ingenuidade da primeira fita, que está para o rock gaúcho atual como Angel Dust, do Faith No More, está para o novo metal.


12) Uh-La-La - Dash (1995)
Antes de provocar suspiros com seu baixo Danelectro a bordo dos Autoramas (e ao lado do ex-Little Quail Gabriel Thomaz), Simone do Vale era a líder de um supergrupo indie carioca. Gritalhona e com jeito de moleque, ela era uma das guitarrista do grupo, ao lado de Diba Valadão (na outra guitarra), Formigão (que depois entrou para o Planet Hemp, no baixo) e Kadu (ex-Second Come, na bateria). O hit “Sexy Lenore” transformou a demo Sex and the College Girl num hit do underground do Rio e fez com que o grupo fosse sondado pela misteriosa gravadora Polvo, que lançou o único CD da banda, pra ninguém. Com a capa desenhada por David Mazzuchelli, o disco passou por uma série de empecilhos que o tornaram item de colecionador. O ano era 1995, as grandes gravadoras tinham dado as costas para o rock, as pequenas perdiam ilusões de vendagens altas e vários picaretas apareceram no meio da história. O disco do Dash é apenas um dos muitos exemplos de uma geração pega com as calças na mão.


13) 100 Km c/ 1 Sapato - Lacertae (1995)
Ao mesmo tempo, o Lacertae, no Sergipe, abria uma em muitas possibilidades. Depois da seca de 1995, o mercado independente passou por uma brusca horizontalização, e sua pluralidade tornava-se sua principal qualidade. Assim, bandas de lugares sem tradição passavam a ganhar espaço no cenário, quebrando o eixo Rio-SP-BH-Brasília-PoA-Recife que já havia quebrado o RJ-SP original no começo da década. A cena começa a fragmentar-se não apenas em lugares diferentes (cidades como Goiânia, Londrina, Salvador, Fortaleza, Florianópolis, Vitória e Maceió reivindicam na marra seu próprio espaço, nos anos seguintes) mas em gêneros improváveis. Se a MTV e o Sepultura criaram um hiato noise/guitar/heavy com bandas cantando em inglês e tentando, sem sorte, o mercado exterior, a fita de estréia do Lacertae é o elo perdido entre o pop dos anos 90 e o experimentalismo dos dias do Vzyadoq Moe. Hendrix, discursos concretos e uma bateria com berimbau também mostravam que o Nordeste estava em plena ebulição artística depois do mangue beat.


14) Carbônicos - The Charts (1996)
Com a fragmentação da cena independente, São Paulo entrou numa onda retrô semelhante à gaúcha, disposta a resgatar valores sessentistas a um pop perdido entre a rádio e o anonimato. Antecipando a onda kitsch que veio com Austin Powers e o box-set do disco Nuggets, a cena paulistana passou por uma estilização visual e sonora que mais tarde seria referida, de forma irônica, como a cena “churly”. Os responsáveis pela popularização desta nova fase seria o grupo comandado por Sandro Garcia, que teve seu único disco lançado pela loja Suck My Discs dos jornalistas/músicos Alex Antunes e Celso Pucci (outra ponte dos anos 90 com o cult rock dos 80). Garcia, dono do famoso estúdio Quadrophenia, mais tarde fundaria o Momento 68 com o vocalista da banda gaúcha Lovecraft, Plato Divorack, selando assim a paixão de São Paulo e Porto Alegre pelos anos 60. (Plato aliás é a grande ausência desta lista, talvez por nenhum disco sintetizar toda a complexidade do artista).


15) Learn Alone Or Read The User’s Manual - Sleepwalkers (1996)
Aqui vamos ter motivos de sobra para reclamações. Afinal, muitos vão falar dos tempos do baterista Farmácia ou da clássica Sick Brain in Sue’s Coffee, gravada um ano antes, quando muitos sequer reconhecerão a presença da banda. O fato é que os Sleepwalkers foram a melhor banda de indie rock, em todos os sentidos, que o Brasil já teve, deixando para trás concorrentes de peso como os goianos Grape Storms, a carioca PELVs e o Grenade de Londrina. A sonoridade lo-fi, o tratamento de guitarras, o senso melódico, os refrões, o apelo pop - as qualidades do grupo catarinense podem encher parágrafos e mais parágrafos. Mas além de sua qualidade, sua importância se dá por tirar o pop catarina da vibração riponga de bandas como Phunky Buddha e Dazaranhas. Depois deles, vieram o Feedback Club (da ex-sleepwalker Sabrina), o Superbug, os Pistoleiros, o Pipodélica e as gravadoras Low Tech e Migué Records, dando força à cena ilhéu de Floripa.


16) Baladas Sangrentas - Wander Wildner (1997)
Luminar do punk brasileiro para as massas dos anos 80, o ex-vocalista dos Replicantes seguiu os passos da primeira safra dos anos 90 (comprada pelas majors) e o moldou para o underground. Como os Raimundos tinham o forró, o Planet Hemp tinha a maconha e o mangue beat, os caranguejos; Wander inventou uma máscara para facilitar sua absorção pelo mercado - e com o rótulo “punk-brega” vendeu-se para uma nova geração ao mesmo tempo em que amadurecia sua personalidade pública. Mas, mais importante, a carreira solo do velho WW era uma prova cabal que o rock independente pouco tem a ver com juventude ou faixa etária.


17) Menorme - Zumbi do Mato (1997)
O Zumbi do Mato é o som que Fausto Fawcett e Arrigo (ou Paulo) Barnabé fariam juntos se tivessem alguma afinidade. Mas, mais do que isso, é o ponto de convergência de diversos aspectos do pop carioca, representados por diversas instituições. Há o humor doentio do Gangrena Gasosa, a explosão cênica de Piu-Piu & Sua Banda, a podreira das primeiras fitas do Pólux, as gravadoras Tamborete (do jason Leonardo Panço) e Qualé Maluco (dos planet hemp B-Negão e Formigão), a repetição do Stellar, o choque de Rogério Skylab e o som metal da segunda vinda do Second Come. Além disso, o grupo continua o legado experimental retomado pelo Lacertae que resultou na safra de vanguarda da virada do século, com nomes como Objeto Amarelo, os Jersssons (São Paulo), Os Legais (SC) e Vermes do Limbo (Londrina).


18) A Sétima Efervescência - Júpiter Maçã (1998)
O disco de estréia do ex-cascavelette Flávio Basso é um passo adiante nos conceitos vendidos pelos Charts e por Wander Wildner. Rock adulto, retrô e psicodélico, A Sétima Efervescência sagrava a maturidade da mesma geração que havia tomado a porta-na-cara das gravadoras depois da efervescência do biênio 93/94 e a independência do formato perseguido pelas gravadoras, sem deixar de soar pop, brasileiro e cantando em português e inglês. É o primeiro blip no radar de um mercado que viria, em menos de um ano, a galinha de ouros do trio sertanejo-axé-pagode começar a dar com os burros n’água.


19) Chora - Los Hermanos (1999)
A segunda fita do quinteto Los Hermanos escancarava um pop estritamente radiofônico que foi forjado longe do universo do mercado fonográfico. O grupo liderado por Marcelo Camelo era a continuação do trabalho de uma geração de bandas cariocas que misturavam ska, funk, reggae e samba (nomes como Los Djangos, Acabou La Tequila e, mais tarde, Pedro Luís & A Parede). Mas o grupo ia além e se alinhava ao ecletismo chique de bandas de sua geração, como 4-Track Valsa, Vibrossensores, Vulgue Tostoi, entre outros. Fora os maneirismos apaixonados (que levaram a banda receber rótulos como romanticore e pop brega), a fita mostrava que as possibilidades cogitadas por Júpiter Maçã poderiam ser exploradas a fundo, tanto artística quanto comercialmente. Mas o mercado, acostumado com seu próprio toque de Midas, comprou a banda e forçou “Anna Júlia” a fazer sucesso, overdosando o público do que poderia se tornar os Paralamas do século 21 (e ainda pode, apesar de tudo).


20) Astromato (1999)
Continuação dos experimentos noise e industrial da época do Waterball (92-95), o Astromato era filho direto do Weed, banda de pop guitarreiro britânico que, brincando com as palavras, passou a compor em português e se deu bem. Sua primeira fita era mais um degrau na escalada que o indie brasileiro dava rumo à sua auto-suficiência artística. Se gaúchos e cariocas ajudavam o rock a perder o jeito de moleque, os campineiros explicavam que algumas qualidades (como sensibilidade e timidez) não pertenciam à adolescência. Além disso, a dupla de guitarras Armando e Pedro tramavam texturas sônicas à moda das bandas inglesas que tanto influenciaram o indie no começo dos anos 90 (e que ainda repercutiam, graças a bandas como os mineiros Vellocet, o carioca Cigarettes e os catarinenses Madeixas). Aos poucos, o ciclo vai se fechando.


21) De Luxe 2000 - Thee Butchers’ Orchestra (1999)
Cru e direto, o TBO é a melhor banda de rock’n'roll brasileira na ativa e sua existência se deve à dissidência garageira que rompeu com o indie no meio dos anos 90. Seu núcleo central era o trio da gravadora Ordinary (a produtora Deborah Cassano, seu marido Marco Butcher, ex-Pin Ups, e o guitarrista e produtor Adriano Cintra), que, além dos Butchers’ foi responsável pelo lançamento de bandas como Ultrasom (de Adriano), Red Meat, Spots, Grenade, entre outras. Mais do que agitar o underground com duas guitarras e uma bateria, o Butchers’ está ligado à fase de ouro do indie anos 90, quando o rock brasileiro começou a conversar com os gringos, sem passar pelos veículos oficiais.


22) It’s An Out of Body Experience - Grenade (1999)
O Grenade era o próximo patamar. Fruto dos experimentos lo-fi do ex-Killing Chainsaw Rodrigo Guedes, o grupo nascia em Londrina e logo se tornava um dos maiores nomes do indie nacional. A repercussão se dava graças à sensibilidade de Rodrigo, pai de riffs memoráveis, melodias pop ao extremo e pirações em estúdio. O som ia do rock clássico ao hardcore, passando por folk e indie rock. Lançado no exterior, Out of Body Experience poderia é a conclusão lógica do longo passeio que o rock independente fez durante a década de 90.


23) Brincando de Deus (2000)
O terceiro disco destes baianos deveria ter o título que Experience, do Grenade, levou. Afinal, seria lançado um ano antes e produzido por Dave Friedmann (Flaming Lips, Mercury Rev, Mogwai) caso todo seu equipamento e pré-produções não fossem perdidos num incêndio. O grupo se refez e, ao lado do talentoso produtor e tecladista André T. (responsável pela sonoridade de novos baianos como Rebeca Matta e a banda Crac!), gravou seu álbum definitivo, imbatível. Um disco que poderia ser lançado no mercado exterior sem dificuldades e que, apesar da anglofilia, é essencialmente brasileiro.


24) Peninsula - PELVs (2000)
Completando dez anos de banda e dez anos do selo carioca Midsummer Madness, a PELVs faz um disco igualmente robusto como o do Brincando de Deus, mas cheio de ganchos pop e melódicos. Uma obra-prima do indie nacional, Peninsula soa como todos os independentes querem soar: profissa, autêntico, despreocupado e livre, como se o mercado de discos brasileiro permitisse isto. Se ele não permite, a deixa fica para o indie.


25) O Manifesto da Arte Periférica - Wado (2001)
Além de coroar a recente produção de Maceió (a saber, Varnan, Mopho e Sonic Junior), o disco de estréia do ex-Ball Oswaldo Schlickmann é o auge da produção independente brasileira dos últimos 20 anos. Tem todas as qualidades dos discos citados nesta lista, além de falar em português, compor letras certeiras e experimentar à vontade no estúdio. Se chegamos até aqui com este nível, daqui pra frente é só crescer.

Não lembro pra quem eu escrevi esse texto… Acho que foi pra Zero.

Postado por Alexandre Matias às 16:52 | 11 Comentários | Permalink

segunda-feira, 15 de agosto de 2005

C D R E C O M E N D A D O - RUBENS LISBOA é compositor e cantor


C D     R E C O M E N D A D O

Agora empresariados pela Marginal Produções, produtora capitaneada pelo conterrâneo Bruno Montalvão, a banda sergipana Lacertae é formada por apenas dois componentes, mas consegue fazer surgir uma massa sonora ao mesmo tempo instigante e surpreendente.

Naturais do Município de Lagarto, Deon Costa e Aldemir Tacer já ganharam o Brasil em apresentações que empolgam o público presente. É impossível ficar alheio ao som da Lacertae pois, logo aos primeiros acordes, a alma do ouvinte é tomada de assalto com os acordes psicodélicos dos rapazes e começa a viajar por caminhos inimagináveis. O som da banda passeia por diversas vertentes, indo do rock tradicional ao mais puro jazz. Há ecos da guitarra de Jimi Hendrix, mas a influência jazzística de John Coltrane também se faz presente. Por outro lado, há espaço para ressaltar a música da terra, do chão, com cheiro de chuva, pureza e simplicidade.

No recém-lançado segundo trabalho, o CD intitulado “A Volta que o Mundo Deu”, os artistas aprimoram a sua característica mistura de rock experimental com MPB e folclore da música nordestina. Entre as 10 faixas, os destaques ficam por conta de “O Danado”, “Pra Que Pressa” e “Entrada e Saída”. Como brinde, há ainda a participação de Lirinha, vocalista do Cordel do Fogo Encantado, declamando os versos de "Amiga Folhagem" de autoria do renomado e também sergipano Sílvio Romero. Vale a pena!


RUBENS LISBOA é compositor e cantor

quarta-feira, 1 de junho de 2005

De maneira geral, o termo “experimental“ se aplica
a obras que buscam alargar fronteiras e definições de
gênero. No caso da música, é aquela livre e inovadora,
sem regras, improvisada, com estrutura e ritmos estra-
nhos. Tradicionalmente associado ao erudito, indo das
composições de Arnold Schoenberg a Philip Glass, por
exemplo, o experimentalismo encontrou espaço em
outros gêneros, como o jazz e a música eletrônica. Com
o rock não é diferente. E nem é preciso ir a Londres ou
Nova York para ver o que há de novo: algumas das ex-
periências mais originais no Brasil estão sendo feitas,
inclusive, fora do eixo Rio-São Paulo. É o caso do duo
Lacertae, surgido no distante Campo do Crioulo, peque-
no povoado de Lagarto, interior de Sergipe; o SOL, de
Porto Alegre; o PexbaA, de Belo Horizonte; e o Satani-
que Samba Trio, de Brasília.
(Texto e alternativas adaptados de Bravo, julho/2005, p.65

sexta-feira, 6 de maio de 2005

 


Jazz & blues nas Ostras

 

Fora da ordem

Um ''experimento jazz-dada-onívoro'' ou ''uma (des)combinação atonal de ex-significados''. Duas (in)definições que poderiam situar a música do grupo mineiro pexbaA, criado em 1998, fruto de projetos anteriores (Escola Mineira de Disfunção, Holocausto) do cenário musical de Belô nos 80. Formado por Rossano Polla (trompete e voz), Rodrigo Magalhães (bateria), João Marcelo (baixo) e Rodrigo Otávio (guitarra), o grupo trabalha com a transfiguração dos gêneros e idiomas musicais (Birlium, barlium,bleum, Yaba, Violinha do Pai Tomás) numa troca vertiginosa de locações e estilos que sofre influências da obra fragmentária de Tom Zé, dos microtons de Walter Smetak e também do pós-punk cavernoso de Nick Cave e do free jazz de Ornete Coleman. O pexbaA, que participou de projetos como Rock Contemporâneo do Sesc Ipiranga e Rumos Itaú Cultural Música, além do Festival South by Southwest, em Austin, Texas, em 2002, é um dos integrantes do selo Amplitude (www.amplitude.art.br). Há ainda outros grupos, como o gaúcho SOL (Screams of Life), que, em seu disco No descompasso do transe - retalhos do meu silêncio, mescla ruídos, passagens jazzísticas, melodias caóticas e trechos eruditos. E o Satanique Samba Trio (Misantropicália), de Brasília, que arrola os eruditos Anton Webern e Gustav Mahler entre os inspiradores. E mais o duo Lacertae (A volta que o mundo deu), surgido há 15 anos, no pequeno povoado de Campo do Crioulo, de 500 habitantes, na cidade de Lagarto, interior de Sergipe. Os primos Deon Costa (guitarra) e Aldemir Tacer (berimbau e bateria) conduzem sua música por caminhos inauditos.



quarta-feira, 13 de abril de 2005

A volta dos Lagartos

Wednesday, April 13, 2005

A volta dos Lagartos


A Volta Que O Mundo Deu - Lacertae (Amplitude)
Antes mesmo de surgir essa onda de bandas de rock feita apenas por bateria e guitarra, o Lacertae já existia. O veterano duo sergipano surgiu na cidade de Lagarto (de onde tirou o nome em latim) lá no começo dos anos 90, criado pelo primos Deon Costa (vocal, guitarras e efeitos) e o baterista Aldemir Tacer, este que curiosamente acoplou um berimbau ao seu kit, proporcionando significante diferencial na musica deles.
A sonoridade da banda é feita por rock psicodélico setentista, uma dose de experimentalismo e mais um tanto de regionalismo. Essa mistura inusitada provocou atenção da mídia especializada e gerou convites para participação de festivais por todo país. Lançaram em 2002 o primeiro disco "Berimbau de Cipó de Imbé" por conta própria e recheado com bastante experimentalismo.
"A volta que o mundo deu", lançado pelo selo paulistano Amplitude - especializado em sons diferentes - é a sua seqüência musical palpável, menos hermético, mais acessível e viajante. São dez faixas bem produzidas com um material gráfico impecável. "O que é? O que é?" já abre com uma bateria marcante e uma guitarra psicodélica; o guitarrista Deon dispensa o virtuosismo para construir uma sonoridade mais expansiva e etérea, obtendo bom resultado. Em o "Santo de Casa" a brincadeira instrumental é com uma rabeca alucinada, talvez uma proposta de inovação regionalista. Uma das faixas mais interessantes. No meio do disco uma homenagem ao escritor conterrâneo Silvio Romero com o conto "Amiga Folhagem", um sugestivo do mundo, mas com os pés em casa. Em seqüência temos o mantra ecológico "Eu não posso ficar parado", um protesto cabeça bem situado como diz "Choro por que quero aguar a mata / Mata-me por que te quero mata", sutilmente genial. "Pra que pressa" é outra faixa interessante.
Se antes o grupo tornava enfadonho e cansativo por sua extensão na audição; agora dosou os espaços adequadamente com abordagens originais certas. Não há duvidas que cresceram e hoje são perfeitos representantes da musica independente brasuca bem feita. Os elogios cabem com justiça!!!
Lacertae
Posted by Hello
posted by J.André at 3:55 PM

domingo, 3 de abril de 2005

3.4.05


Lacertae




As três poesias abaixo, são letras do CD da banda Lacertae lançado em 2002 que envolve poesia em som num misto rústicoo bem atual, bem nordestino e universal. Presente primitivo.

Gosto bastante dessa mistura, por me encaixar satisfeito nesse simples paradoxo perfeito.

Ao lado a capa do novo CD.

Lacertae vem do latin quer dizer Lagarto, cidade de Sergipe de onde vem a dupla que mistura berimbau com bateria e guitarras com auá e distorção, todos juntos. É bem legal.

Sorria


(letra: Deon - música: Lacertae)

Meu coração está muito triste
Essa tristeza não vai me ganhar
Quando a alegria de novo surgir
Muitas palavras tenho a te dar

Que meu coração de novo sorria
Que todo sorriso do meu coração
Pra te de novo
Seu coração pra mim sorri
Pra de novo meu coração sorrir
Pra te de novo
De novo o meu coração pra te sorria...

De tristeza quase me parava
A tal tristeza, essa me queria
De novo a nossa, nossa alegria
Nosso coração em disparada

Apenas quero que você sorria
Que você sorria, que você sorria
Apenas quero que você sorria
Que você sorria, que você sorria

Líquido


(letra: Deon - música: Lacertae)

O homem pensa que está pensando
Mas nem sempre o homem pensa
Como frutos os homens também despencam
Homens saem daqui, longe, além, sem fim
Luzes, carma, cores, esperma, espera homem sair
Eis aí, tão belas donzelas líquidos adentro, orgasmo, paixão e dor
Líquido motor, acabou o líquido, acabou o amor...

Concreta


(Letra: Deon, Tacer e Agnaldo - Música: Lacertae)

Palavra concreta pregada no casco da pedra
Anda, anda perna
Dentro da face concreta da pedra sou ferro que nunca se quebra
Vivendo pétalas, crateras, energias, vulcão
Pedaços são traços que eu faço
Pedaços são traços que eu faço
Dentro da face concreta da pedra sou ferro que nunca se quebra
Artur Finizola @ 9:19 PM | 0 De Lírio(s)

quinta-feira, 3 de março de 2005

Lacertae lança segundo disco e aposta em muita criatividade
Tamanho da letra
Lacertae lança segundo disco e aposta em muita criatividade
Emsergipe.com
Há 15 anos na estrada, a banda lagartense Lacertae - palavra que significa lagarto em latim - é composta pelos primos Aldemir Tacer e Deon Costa e está lançando seu segundo disco. "A volta que o mundo deu" dá continuidade a uma trajetória cheia de música, garra e talento.

Juntos desde pequenos, os primos foram criados num ambiente musical. “Desde crianças acompanhamos a rica diversidade e encantos presentes no mundo, como a música que nos alimenta. Há quinze anos já fazemos nossas próprias canções”, diz Deon, vocal e guitarrista da banda.



"Lembro bem da nossa infância, participando de encontros de final de semana promovidos pelo meu pai, que reunia músicos veteranos da cidade do Lagarto, uma tremenda de uma banda de instrumentos de sopro e percussão", conta Tacer, vocal e baterista.

Desde o momento em que decidiram fazer música, Aldemir e Deon vêm transformando-a em invenção poética, com o objetivo de expressar idéias ligadas ao universo em geral e procurando adequar as diferentes evoluções musicais ao som forte feito pela Lacertae, mas para divertir o público. O primeiro cd da banda, "Berimbau de cipó de Imbé", só foi lançado em 2002, depois de muito tempo de estrada e ilustrou o ensaio de experiências musicais ocorridas no litoral pernambucano, onde foi gravado.

Nesse novo disco, os "lagartos" apostaram nas invenções ritmadas à base de muita criatividade e vivacidade, introduzindo expressões sonoras e pitadas do gênero eletro-dub-analógico, inspirado pelo Buguinha Bub. Responsável pela mixagem e co-produtor do cd, ele assinou trabalhos com nomes de peso, como Nação Zumbi e Racionais. Além disso, algumas das dez faixas do cd contaram com participações pra lá de especiais. O Lira, vocalista da banda Cordel do Fogo Encantado, foi uma delas. "Quando estávamos mixando o cd em São Paulo, o Lirinha morava próximo ao estúdio e sempre que podia dava uma passada para visitar. Ao saber que a Lacertae estava trabalhando no novo cd, ele manifestou a vontade de gravar com a gente, pois conhecia e admirava nosso som", explicou Tacer. Os músicos gravaram uma canção sobre um conto do escritor lagartense Sílvio Romero, do livro Contos Populares do Brasil, chamado Amiga Folhagem. Com muito experimento - sons feitos com panelas, escorredores de arroz e baldes d'água - a música foi concluída e agradou a todos. A parceria rendeu ótimos frutos e Lirinha já confirmou outra participação, desta vez na composição de uma ou mais canções.

Recentemente, a banda esteve em turnê pelo sudeste, divulgando o novo trabalho e tocou em lugares como Teatro Odisséia (Lapa), onde aconteceu um dos mais expressivos festivais do Rio de Janeiro, o Loud Festival. Bandas internacionais compareceram ao evento e a Lacertae esteve mais do que presente injetando musicalidade no palco e agradando o público, que recepcionou a dupla com muita empolgação ao ouvir a berimbateria jazz rock de Tacer e a guitarra timbrada do Deon. A fusão do rock e de elementos do Nordeste deu mais do que certo.

Em seguida a banda tocou na inauguração de uma espécie de bar 24 horas chamado OTOTOI, em Belo Horizonte. "Foi uma experiência muito legal. A galera do Auto Falante, da TV Cultura (rede Minas), filmou o show e o especial do Lacertae irá ao ar no programa que é exibido aos sábados, antes da meia noite. Quando isso acontecer, iremos divulgar no nosso site, que está sendo atualizado", complementa Tacer.

Na seqüência, os lagartos tocaram em São Paulo, no teatro do Sesc Pompéia, o mais contemporâneo do Brasil. Novamente a TV Cultura estava lá e entrevistou a banda. Também apareceram no Metrópolis (programa da emissora em São Paulo) e agora pretendem repetir o roteiro em 2005, além de gravar na MTV, o Bem Brasil e outros shows no Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

O novo trabalho da banda, que foi concluído em novembro, é também o resultado da parceria entre a Zabumbambus Cultural – uma ONG criada pelos músicos com o objetivo de beneficiar crianças e adolescentes do povoado Campo do Crioulo, em Lagarto, através da música e arte – e o selo independente Amplitude, de São Paulo.

A dupla está confiante no seu trabalho. “Estamos divulgando nossa experiência musical e esperamos que esse espaço cresça muito mais. Queremos levar nossa poesia às pessoas e fortalecer cada vez mais nossa diversidade, que é tão rica em ritmos”, explica a dupla.

Com uma tiragem inicial de 1.500 cópias, o disco está à venda em Aracaju (na loja Freedom, localizada na rua Santa Luzia) e Lagarto (na praça do forródromo da cidade) ou pelo telefone 9983-5466. Para conferir novidades sobre a banda, basta acessar o site www.lacertae.com.br
Por Karine Barbosa

Música
3/3/2005 09:10:00

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

Lacertae lança "A Volta que o Mundo Deu"

Lacertae lança "A Volta que o Mundo Deu"
Data: 17/02/2005

Além da Lacertae, mais duas bandas animaram o evento, a recém-formada Aneurisma, da cidade de Lagarto e a conterrânea (crioulense) Zanimais, formada há um ano e é uma das crias de Deon e Tacer. Marcelo Zani, guitarrista e vocalista da banda, disse que a emoção de tocar com a Lacertae é muito grande. "Afinal somos influenciados pela Lacertae, somos uma banda de rock que, como eles, também misturamos ritmos", declara. Já o guitarrista da Aneurisma, Junior , não esconde a ansiedade de estar no mesmo palco, abrindo o show de lançamento do CD da Lacertae. "Para mim é uma grande responsabilidade, afinal eles são músicos que já tocaram em várias partes do país e a gente está apenas começando, sem saber quase nada, tentando buscar um lugar ao sol", conclui.

Mais maduros, Deon e Tacer voltam às origens não mais na forma primitiva de lagartos que arrastam as barrigas no chão, onde contemplavam a natureza sobre as rochas do rio Piauí, mas para prestigiarem o povo que nunca os viram tocar. "Apesar dos 15 anos de estrada, dos quais oito como duo, a gente nunca tocou no Crioulo, aqui a gente só ensaiava. O Crioulo's Music foi a oportunidade de mostrar nosso trabalho para eles e uma forma de agradecer, pois foi aqui que começamos nossa história", declara Deon, vocalista e guitarrista.

Para eles, voltar ao Crioulo, é voltar à simplicidade; "Nós somos simples também", revelam, e é nesse clima bucólico, da lua sobre a serra, que os roqueiros buscam inspiração. "O Crioulo é motivo constante de inspiração, é fome, é música, é vida, é tudo pra gente. Lacertae e Crioulo se confundem", concluem. Na verdade, a banda procura muito mais que uma bela paisagem no Campo do Crioulo, eles procuram suas raízes, que influenciam diretamente no seu trabalho, a exemplo da Zabumba, uma tradição nos reisados e festas religiosas de Lagarto, que resgataram no 1º CD.

Em A Volta que o Mundo Deu, a Lacertae mais uma vez bebe da fonte que a terra natal oferece, dessa vez a banda recorreu a Sílvio Romero e gravou, na voz de Lira Paes, o Lirinha do Cordel do Fogo Encantado, a faixa-conto Amiga Folhagem do ilustre lagartense. O encontro entre eles foi bastante inusitado e uma grande coincidência, pois Lirinha estava em São Paulo, perto do estúdio onde o CD da banda foi mixado.

O encontro, segundo Tacer, aconteceu por causa de Guinha, o profissional que mixou o CD e que já trabalhou com a Nação Zumbi. Ele disse a Lira Paes que a Lacertae estava no estúdio. "Ele foi pedir um microfone, algo assim para Lirinha e disse que eu sempre quis conhecê-lo e pra minha surpresa a recíproca foi verdadeira. Nos encontramos e sugeri que ele gravasse a faixa Amiga Folhagem, conto de Sílvio Romero. Ele achou a idéia ousada e ficou muito agitado, aí topou gravar pra gente. Estamos inclusive devendo o CD pra ele", contou Tacer, bateria e berimbau da banda.

"Começar no lugar onde nascemos é sempre uma grande força. Esperamos que o público de Sergipe receba bem o nosso segundo trabalho, como o pessoal do Crioulo e do Sudeste recebeu, pois esperamos sempre positividade e convites para tocar, claro!", brincam.


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segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

Lacertae - A volta que o mundo deu




Fugindo do convencional

Por: Jairo de Souza




Lacertae
- A volta que o mundo deu
Vindos da distante cidade de Lagarto, interior de Sergipe, o duo Lacartae faz música regionalista misturada com muito ruído, distorções e poesias. As músicas de "A volta que o mundo deu" monta um retrato sonoro de um Brasil de paisagens rústicas, gente simples e cheias de idéias. As distorções que Aldemir Tacer aplica ao berimbau (marca registrada do grupo) cria o clima realista-fantástico que ronda as músicas da banda. Músicas como "Santo de Casa" remetem às viagens paisagista-sonoras comuns em trabalhos de bandas como Mogwai e Godspeed You Black Emperor!. Entre percussões e distorções, o Lacertae cria músicas que poderiam ser de um Lenine mais atacado e inspirado.

terça-feira, 14 de dezembro de 2004

Teatro Crowne Plaza - Shows com a banda Lacertae e Pexbaa

Tuesday, December 14, 2004

Show imperdível

Quarta-feira, dia 15 agora, vá ao Teatro Crowne Plaza e não se arrependa. O novo selo Amplitude apresenta suas crias. Shows com a banda Lacertae e Pexbaa, sendo que essa última lança cd. Dizem que, quem gosta de Arrigo Barnabé e Mr. Bungle não pode perder de jeito nenhum. Vai lá!

Infos:

Lacertae + pexbaA
Quarta-feira 15 de dezembro | 21h
Teatro Crowne PLaza
Rua Frei Caneca, 1360 - (11)3253.2244
Ingressos: $15 (estudante paga meia)
Estacionamento no local

mais informações: www.amplitude.art.br

posted by Marcos Diego | 6:41 AM